Glórias do Passado: Abreu

 

Abreu


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Abreu é sem margem para dúvidas um dos jogadores mais emblemáticos do Vitoria em toda a década de 70 e nos inícios da década de 80. É um vimaranense que marca a história do clube, pois envergou durante vários anos a camisola que tem ínsito o emblema do Rei D. Afonso Henriques, foi capitão da equipa e alem demais tratava-se efectivamente de um excelente jogador futebol pois possuía qualidades técnicas invejáveis.
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Era um meio campista de eleição, voluntarioso, com fino recorte técnico, rápido o quanto baste e acima de tudo suava aquela que era a camisola do seu clube do coração. Preferencialmente tinha o pé esquerdo como ponto forte, mas em face da sua capacidade de impulsão era também um excelente cabeceador, característica invulgar para um jogador da sua estatura. Concretizou o sonho de qualquer vimaranense que é vitoriano e tem jeito para o futebol - representou e capitaneou o Vitoria Sport Clube.
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(Equipa do Vitoria em 1975/76, com Abreu que é o primeiro em baixo da esquerda)
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José Carlos Gonçalves Abreu, nasceu na freguesia de S. Martinho de Candoso no concelho de Guimarães no dia 14 de Novembro de 1954 e começou a jogar futebol no Vitoria com apenas 13 anos de idade em 1967. Foi treinado durante 5 anos nas escolas de formação do Vitoria por Augusto Barreira e o antigo jogador António Peres. O seu primeiro contrato com o clube remonta à época de 1970/71, ainda júnior e com apenas 16 anos. Dadas as suas qualidades, muito cedo Abreu despertou a atenção nacional, sendo convocado para os estágios das selecções nacionais mais jovens tornando-se efectivamente internacional português pela Selecção de Juniores no ano de 1972.
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1976/77, Abreu em baixo ao centro)
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Ainda júnior, faz a sua estreia na equipa principal do Vitoria com apenas 18 anos idade, mesmo no final da temporada de 72/73, num jogo a contar para a penúltima jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, no Montijo, frente à equipa local, terminando o encontro empatado a uma bola.
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A equipa principal nesse jogo de estreia de Abreu frente ao Montijo era constituída da seguinte forma: Rodrigues; Costeado, Manuel Pinto, Zé Carlos e Osvaldinho; Abreu; Custodio Pinto e Ernesto; Romeu, Tito e Ibraim. O técnico responsável pelo lançamento de Abreu na principal equipa vitoriana foi Mário Wilson, treinador que treinaria Abreu durante de 5 temporadas. A partir da época 73/74 Abreu fixa-se como titular e pedra imprescindível na manobra da equipa vitoriana e permanece 10 anos ao serviço do Vitoria, como profissional, aos quais se deverá acrescentar mais 5 no futebol jovem. Por isso, foram 15 anos com a camisola do seu clube de coração. Uma vida!
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(Plantel do Vitoria para a época de 1977/78)
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(equipa do Vitoria equipa de negro em 1977/78, Abreu esta em baixo do lado direito)
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Abreu é uma referencia na historia do Vitoria, pois jogou na equipa principal do Vitoria entre o final da época 1972/73 e o início da temporada 1983/84, período durante o qual a equipa do Vitoria ficou sempre muito perto de atingir os seus objectivos, mas que apenas por uma vez os concretizou. Com apenas 23 anos de idade já era o capitão da equipa.
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(Caricatura de Abreu com a camisola do Vitoria)
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(Abreu em 1978)
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(Plantel do Vitoria para a temporada de 1978/79)
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(Abreu foi capa da Revista Idolos do Desporto em 1978)
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(Vitoria em 1978/79 no Estadio Municipal de Guimarães)
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Coleccionou ao serviço do Vitoria um 9º lugar em 76/77, a sua pior época, seis 6º lugar, dois 5º lugar e dois 4º lugar, sendo que apenas na temporada de 1982/83, já com o jovem Manuel José no comando técnico da formação vimaranense, finalmente conseguiu a classificação para disputar uma prova internacional.
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Curiosamente, apesar de tantos anos ao serviço do clube do seu coração, Abreu nunca teve a oportunidade de disputar um qualquer jogo internacional de carácter oficial com a camisola do Vitoria já que na temporada em que o poderia fazer (1983/84) acabou por sair do clube.
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Integrou ainda a equipa principal do Vitoria que no dia 13 de Junho de 1976 disputou a final da Taça de Portugal na sua edição de 1975/76, frente ao Boavista FC, no Estádio das Antas, na cidade do Porto, onde a equipa vimaranense acabaria derrotada por 1-2, como consequência de uma das famosas arbitragens do arbitro leiriense António Garrido.
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O contributo de Abreu foi contudo decisivo para que o Vitoria atingisse a final da Taça de Portugal. A meia final foi disputa na cidade de Guimarães frente ao Sporting CP. No final dos noventa minutos, o jogo estava empatado a 1-1. No prolongamento, Abreu arranca do meio campo com a bola dominada, percorre todo o caminho até à área adversaria sem qualquer oposição dos defesas leoninos, à saida do guarda redes Damas, chutou de pé esquerdo para o fundo da baliza verde e branca, ultrapassando assim a igualdade no marcador e carimbando o passaporte de acesso á final da Taça de Portugal.
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(Abreu em caricatura e foto da temporada de 1979/80)
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(Abreu com a camisola do Vitoria em 1979/80)
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(Plantel do Vitoria para a temporada de 1979/80)
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(Abreu com a camisola do Vitoria em 1979/80, com a braçadeira de capitão)
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(Equipa do Vitoria na época de 1978/79)
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Durante praticamente as 10 temporadas que jogou pelo Vitoria, naturalmente, Abreu teve vários parceiros de luxo que juntamente com ele preenchiam o meio campo vitoriano e regalavam pela qualidade evidenciada os olhos daqueles que assistiam as suas partidas nos campos de futebol nacionais. Assim, nos inícios da década de 70 Abreu joga ao lado de jogadores como Custodio Pinto Ernesto e Pedrinho, mais tarde com Ferreira da Costa e Almiro, e ainda Pedroto, o brasileiro Nivaldo e Paquito.
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(Abreu na temporada de 1980/81)
.(Plantel do Vitoria Sport Clube para a época de 1980/81)
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(Abreu equipado com o branco do Vitoria em 1980/81)
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(Equipa do Vitoria em 1980/81 no Estádio da Luz)
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(Abreu um verdadeiro simbolo do Vitoria de Guimarães)
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(Equipa do Vtória em 1980/81 no Estadio do Restelo. Abreu enverga a braçadeira de capitão)
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(Abreu com a camisola do Vitoria em 1980/81)
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(Abreu é o capitão nesta equipa do Vitoria em 1980/81 no Estadio da Luz)
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(Abreu)
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(Equipa do Vitoria em 1980/81. Abreu em baixo segura numa bola)
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Como técnicos teve daquilo que melhor havia naquela época, que de alguma forma contribuíram para melhorar as qualidades inatas do jogador, desde o homem que o lançou – Mário Wilson – ao, naquela altura jovem, Manuel José. Foi ainda comandado pelo mítico José Maria Pedroto, Fernando Caiado, Mário Imbelloni, Fernando Peres e Herman Stessl.

Abreu também foi treinador, por pouco tempo, é certo, mas foi. Decorria a época de 1980/81, quando Pimenta Machado despediu Fernando Peres e Cassiano Gouveia do comando técnico da formação vitoriana. Abreu assumiria as funções de treinador/jogador da equipa ate à entrada da equipa técnica liderada por José Maria Pedroto.
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(Abreu com a camisola do Vitoria em 1981/82)
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(Plantel do Vitoria para a temporada de 1981/82)
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(Abreu)
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Na sua carreira de jogador profissional de futebol, Abreu totalizou 18 internacionalizações pela Selecção Nacional de Portugal ao longo da sua carreira, distribuídas por 7 presenças na Selecção de Juniores, 1 pela Selecção BB, 7 na Selecção de Esperanças, e por 3 vezes a principal Selecção Nacional portuguesa. Fez a sua estreia na Selecção AA no dia 20 de Janeiro de 1982, em Atenas, na Grécia, numa partida que Portugal venceu por 2-1 a sua congénere grega. O seleccionador nacional era o Juca. Representou ainda a Selecção principal a 17 de Fevereiro de 1982, numa derrota de Portugal frente à Alemanha por 1-3, em jogo disputado na cidade alemã de Hannover. O último jogo com a camisola das quinas ocorreu no dia 24 de Março também de 1982, em Lugano, na Suiça, numa derrota de Portugal frente à selecção helvética por 1-2.
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(Abreu na época de 1982/83)
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1982/83 no Estadio do Restelo)
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(Abreu com a camisola do Vitoria em 1982/83)
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(Equipa do Vitoria na temporada de 1982/83)
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(Abreu num campo pelado)
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Acabou por abandonar o seu clube de sempre no inicio da temporada de 1983/84 em divergência profunda com o então técnico do Vitoria o austríaco Herman Stessl e o Presidente da Direcção Pimenta Machado que lhe moveu um processo disciplinar. Reza a historia que o capitão da equipa e jogador fundamental até então não aceitou a condição de suplente imposta pelo treinador para a partida contra o Varzim SC da 1ª jornada do Campeonato Nacional e acabou por abandonar os balneários e dirigiu-se para a bancada. Nunca mais voltaria a jogar com a camisola do Vitória. Foi por essa atitude sujeito a um processo disciplinar que finalizaria com a saída do Vitoria de Guimarães.
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Todavia, um ano antes, perdeu a oportunidade da sua vida. Esteve presente no Estádio da Luz no final de um SL Benfica – Sporting CP a contar para a Taça de Portugal para assinar contrato com os encarnados. A proposta era monetariamente compensadora. Diz que esteve com a caneta na mão pronto para assinar o contrato com o Clube da Luz, todavia, acabou por renunciar à proposta apresentada pelo Senhor Romão Martins, porque antes de aceitar, teria de falar com o Presidente do Vitoria Pimenta Machado, cumprindo um trato que ambos haviam estabelecido. Pimenta Machado convence-o a continuar no Vitoria. Abreu aceitou, para acabar por sair um ano depois.
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(Plantel do Vitoria para a temporada de 1983/84)
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Saindo de Guimarães, Abreu era nesta altura jogador bem experiente, com 28 anos de idade, rumou ao Portimonense por indicação do treinador Manuel José que bem o conhecia do tempo em que o havia treinado no Vitoria, precisamente, na temporada anterior. Joga no Portimonense até ao final da época 84/85 integrando a equipa que de forma inédita consegue uma classificação para disputar a Taça Uefa, fruto do brilhante 5º lugar obtido no Campeonato Nacional da 1ª Divisão desse ano.
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(Abreu em baixo do lado esquerdo na equipa do Portimonense SC em 1984/85)
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De Portimão regressa ao norte afim de integrar a formação do Desportivo de Chaves para a época 85/86, temporada em que a equipa flaviense faz a sua estreia na 1ª Divisão Nacional. Treinado por Raul Aguas o Desportivo de Chaves alcança nessa temporada um 6º lugar, feito à partida impensável para uma equipa que se estreava entres os grande do futebol nacional.
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Na sua última temporada como jogador de futebol no Desportivo de Chaves, Abreu praticamente não foi utilizado, devido a uma lesão numa coxa, que o levariam mesmo a abandonar o futebol. Curiosamente, disputa o seu último jogo como futebolista profissional contra o seu clube de sempre – O Vitoria Sport Clube.
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Foi um jogo disputado no Estádio Municipal de Guimarães, entre o Vitoria e o Desportivo de Chaves que terminaria empatado a 0-0. Abreu entrou a titular na equipa flaviense. Jogaria os primeiros 30 minutos mas começou ressentir-se da lesão, foi substituído e abandonou o campo de futebol... para sempre. Tinha apenas 30 anos de idade.
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Actualmente, com 52 anos de idade, Abreu continua a residir em plena cidade de Guimarães exercendo funções de empresário no sector têxtil, em Moreira de Cónegos, actividade que enveredou logo que pendurou as chuteiras. Continua a acompanhar o Vitoria por todo o lado, sendo um indefectível adepto do seu clube do coração.
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Autor: Alberto de Castro Abreu

Só um reparo:

A foto da "equipa de 1979/80" não deve ser na verdade dessa época, porque reconheço pelo menos dois jogadores que nesse ano jogavam por outros clubes: o Romeu (Porto) e o Pedroto (Marítimo).

As fichas de jogo da época 1979/80 também dão o Ramalho, não o Abreu, como o capitão da equipa. Um dos erros do costume ou alguma história que eu desconheça?

Já agora: o que aconteceu ao irmão do José Abreu, o Manuel? :)
 
Caro arquivista, tem de facto razão. Houve um lapso de legenda na referida imagem. Obrigado pelo seu alerta.

Quanto ao irmão de Abreu, sinceramente não faço ideia do que lhe poderá ter acontecido, nem sei de quem se trata. Todavia, vou procurar saber e logo deixarei aqui alguma informação.
 
O Manuel Abreu, ou Abreu II, foi durante alguns anos médio do Guimarães, embora, como é evidente, ficasse muito aquém da qualidade do irmão.

Faço a pergunta porque há uns tempos encontrei um Manuel Abreu na estrutura directiva do Moreirense e fiquei na dúvida sobre se seria ele ou um outro.
 
Pois meu caro Arquivista, sinceramente não sabia disso, mas prometo que vou procurar mais informações acerca do Abreu II e logo que possivel vou informar disso aqui no post do Abreu.
Fique atento.

Saudações Vitorianas
 
O seu nome completo é Manuel Gonçalves Abreu, nascido a 17 de Novembro de 1957 (por pouco não faz anos no mesmo dia que o José!).

O único jogo oficial pelo Vitória que eu conheço dele foi nas Antas, na época de 1978/79.
 
Sobre o Manuel Abreu, de facto muito pouco dados encontro sobre o mesmo nos meus ficheiros. Apenas aparece no plantel de 1978/79 e pouco mais. Sei que ele trabalha ou trabalho numa empresa de Vitor Magalhães, ex presidente do Vitoria e do Moreirense, e terá sido na Direcção deste que Manuel Abreu desempenhou algum cargo no clube de Moreira de Conegos.
 
Muito obrigado pela informação. :)

É claro que do Manuel Abreu enquanto jogador não me lembro de nada, enquanto do José Abreu lembro-me de muita coisa, particularmente da condução de bola impecável e da sua dedicação ao Vitória. Lembro-me que, na candura dos meus nove anos ;) , aquela transferência para o Portimonense mal deu para acreditar...

Um dos jogadores de quem com justiça se pode dizer que "se tivesse jogado num grande, seria de caras um titular da selecção".
 
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